Religião e negacionismo no contexto da pandemia

Resumo: Com a pandemia de Covid-19 e a onda negacionista no país em relação ao tema, o artigo aborda a religião midiatizada e a relação de pentecostais e neopentecostais em assuntos de cunho político e social, neste caso, questões sobre saúde pública. A partir da fundamentação teórica bibliográfica, buscou-se discutir religião e mídia no contexto atual, tendo como base Martino (2012a, 2012b), Cunha (2016) e Sodré (2006); em seguida, amparou-se as teorias por meio de uma análise conteudística do pronunciamento do Pastor Silas Malafaia no vídeo intitulado “O ódio a Bolsonaro e às religiões em tempo de pandemia”, a fim de evidenciar a importância de se considerar discursos de figuras religiosas que possuem grande visibilidade pública na produção de sentidos e na criação de modelos de comportamento.

O que acontece quando a comida é de verdade: conexões entre alimentação e religião no Brasil

A recente campanha publicitária “Nada além do Whopper”, da marca Burger King, procura visibilizar a adequação dos discursos e práticas da rede ao imperativo alimentar da comida de verdade (CV), fenômeno de valorização da comida saudável, ecológica e ética no mercado brasileiro. Partimos da hipótese, neste artigo, de que a CV manifesta, no âmbito da alimentação, um processo de transformação nas ideias e crenças dos brasileiros, nomeado por Campbell (2007) como “orientalização do Ocidente”.

O identicídio das mulheres no século XXI: um estudo das capas da revista Superinteressante

Este trabalho discute de que maneira as mulheres são representadas em 18 capas da revista brasileira Superinteressante, entre os anos de 2010 a 2020. Adotamos os conceitos de epistemicídio/genocídio (Grosfoguel) e os estudos de gênero (Swain) para embasar nossa discussão. Com
a Análise de Conteúdo (Bardin), criamos as categorias de busca: representações das mulheres;
representações indígenas; e representações LGBTQIA+. De que maneira as mulheres são representadas nas
capas, é a nossa categoria de análise. A ideia principal deste trabalho é a de que as representações
estereotipadas das mulheres geram o identicídio de representações divergentes. Ocupar espaços (apareço,
logo existo) pode ser um caminho para combater o identicídio observado

A mediação das relações humanas no filme “Ela”

O presente artigo busca examinar de que forma as relações humanas, inclusive entre seres humanos e não-humanos se dão no contexto do filme “Ela” (2013) do diretor Spike Jonze. Utilizando de uma metodologia de análise direta do filme, sob a ótica de autores como Vogler e Mckee, e as principais
cenas que tratam da mediação das relações, o artigo busca traçar um paralelo entre as tecnologias
apresentadas no filme ambientado no futuro e as que já estão disponíveis no momento presente que são constantemente utilizadas nessa tarefa de mediação entre humanos. Essa necessidade de mediação, que foi apenas intensificada e acelerada pela pandemia de COVID-19, já se fazia presente em nossa sociedade
como aponta Paula Sibilia.

Aruanas e a jornada da(s) heroína(s): Reflexões sobre narrativa ambiental e protagonismo feminino

Resumo: Buscamos aqui, analisar a primeira temporada, com dez episódios, da série ficcional brasileira Aruanas (GLOBOPLAY, 2019). A pergunta que nos move é: de que maneira a série trabalha as questões socioambientais e o protagonismo feminino? O aporte teórico conta com Walter Benjamin, Míriam Cristina Carlos Silva e Adriana Hoffmann Fernandes, sobre narrativa. Metodologicamente, adotamos a Jornada da Heroína (MURDOCK, 1990; MARTINEZ, 2008; PAIVA; HEIDEMANN; MARTINEZ, 2018). A série retrata as consequências de um garimpo ilegal como a contaminação das águas, o massacre de indígenas, entre outros. Sobre o protagonismo feminino, mostra as diferentes etapas de desenvolvimento pessoal das personagens principais. Assim, consideramos que a série contribui para sensibilização de temas contemporâneos.

O Estudo de Narrativas Biográficas: possibilidades e implicações de uma Pesquisa Interdisciplinar

Neste trabalho, buscamos compreender quais as possibilidades e implicações de uma prática de pesquisa interdisciplinar na área de Comunicação, especificamente para o estudo de biografias. Para tanto, nos guiamos metodologicamente por uma revisão de literatura a partir de 22 produções, coletadas por meio de dois levantamentos do estado da questão no Google Acadêmico: em primeiro momento, buscamos pelos termos: “Comunicação” + “Interdisciplinar”; posteriormente, os termos buscados foram: “Biografias” + “Comunicação”. Como principal resultado, indicamos que é preciso que se produza um saber que pode ser advindo de outras áreas do conhecimento e até mesmo válido nessas esferas, mas que não se restrinja a tal procedimento, e sim aponte especificamente para o processo comunicacional que envolve o tema estudado, o que, porém, não significa um mero renomear de saberes já existentes em outras disciplinas.

A tradução intersemiótica em Anne With An E: Muriel Stacy do livro à série

Este artigo propõe verificar os processos de tradução intersemiótica na composição da personagem Muriel Stacy do livro Anne de Green Gables (1908) de Lucy Maud Montgomery, para a série Anne With An E (2017) adaptada por Moira Walley-Becket. Para investigarmos esses processos, delimitamos como corpus os episódios da segunda temporada, O que fomos faz parte daquilo que somos (episódio 9) e O que há de bom no mundo (episódio 10). Pretendemos identificar, na série, quais os principais aspectos de Muriel Stacy que foram mantidos ou acrescentados em relação à obra literária. Para verificar tais modificações, baseamo-nos nos conceitos de Tradução Intersemiótica de Roman Jakobson e Julio Plaza, e nos processos narrativos entre as linguagens com Iuri Lotman, Míriam Cristina Carlos Silva e Ismail Xavier.

A Teoria do CHA e exemplos de competência na produção midiática

A competência é capacidade de mobilizar recursos: conhecimentos, habilidades e atitudes para resolver os problemas da vida pessoal, social e corporativa. A produção midiática: filmes e vídeos abordam sua importância e, especialmente, a dinâmica da mobilização de recursos de forma artística e didática. O que podemos aprender sobre competência e como desenvolvê-la, nessas produções? Essa é a pergunta que este artigo procurou responder. Para tanto, foi realizada a análise de um filme comercial: O Menino que Descobriu o Vento (2020) procurando desvelar, nas cenas que compõem a narrativa, os elementos da competência. Dentre as referências destacam-se: Mota (2021), Romero-Rodriguez et al. (2016), Ferrés e Piscitelli (2015), Penafria (2009) e Morin (1983).

Bodenlos em conversação: narrativa entre discursos e diálogos autobiográficos

O convite ao encontro com a palavra-princípio Eu-Tu, feito por Martin Buber, figura como horizonte ético no pensamento de Vilém Flusser. A partir de conceitos defendidos pelo ensaísta tchecobrasileiro, tais como conversação, discurso e diálogo, o presente artigo visa interpretar a produção textual do próprio autor – aqui, especificamente na autobiografia Bodenlos. Como aporte metodológico, pela própria natureza da pesquisa, utiliza-se de pesquisa bibliográfica e, condizente com o referencial teórico, privilegia a interpretação no lugar de instrumentos analíticos. Como resultados, indica a manifestação da definição de comunicação proposta por Flusser – a relação entre diálogos e discursos – nas narrativas produzidas pelo próprio autor.